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Suite do Lorde e Lady Rothstein

Teçá não costumava ser tão tímida, mas as circunstâncias eram o suficiente para justificar a pequena coloração rosada que tomou as suas bochechas quando as duas saíram de fininho até um quarto.

- Eu bebo - mentira.

Ela não bebia. Nunca. Mas não poderia simplesmente destruir os planos da cunhada tão simpática.

- Espere, esses são os aposentos de seus pais? - que péssima, terrível, odiosa ideia.

Ela deveria sair dali correndo. Imediatamente. Ao invés disso, assentiu com a cabeça e pegou a taça. Só um dose. Não faria mal.

- Espero conhecer a vinícola um dia - talvez a primeira frase verdadeira que saía de sua boca desde que colocara os pés naquele cômodo - Hum, deveríamos brindar - Teçá também ergueu a taça, e exibiu um sorriso no rosto redondo - Às irmãs que a vida nos dá.

Ela bebeu a dose de uma vez só, e de algum jeito, a taça foi preenchida novamente com o licor.

- Eu preciso admitir que as vezes me dou melhor com os caipiras - ela retrucou, rindo com a destra em frente a boca.

O gosto quente descendo por sua garganta num misto de sensações que era difícil definir. Não era desagradável.

- Certo, você pode até não concordar se levar em consideração toda essa... roupa e adereços, mas bem, as vezes temos que admitir que é melhor ficarmos a vontade, sermos nós mesmos sem a preocupação de um título.

Certamente Ros entendia sobre aquilo. Teçá a acompanhou com a risada, um pouco alto demais.

- Oh não! Eu mesma me entreguei, que horror! Na verdade, eu sou uma péssima mentira, não costumo beber. Mas acho que deveria começar.

- É mesmo? - ela formou um bico involuntário. Toda a sensação de felicidade pareceu ter sido tirada de si em um rompante.

Teçá não conhecia a sensação de embriaguez. Também não tinha a menor ideia de quantas taças eram consideradas suficientes para chegar lá. No entanto, sentia-me minimamente zonza. Por sorte, Rosalie a sentou. Encarando o próximo reflexo no espelho, e ao mesmo tempo a cunhada, ela estreitou os olhos.

- É minha vez, mas quero abdicar a minha pergunta sobre Stefan, e fazer outra. Você vai demorar para voltar do colégio?

- É, bem... os seus pais permitiram que eu trouxesse Ryege comigo, então não ficaria complementarmente sozinha, mas mesmo assim - ela emendou no que parecia o início de um discurso nostálgico, mas mostrou os dentes em outro sorriso branco e alinhado - O que quero dizer é que estarei esperando ansiosa as datas em que poderei vê-la.

Simples assim. Quando se sentia suficientemente a vontade, Teçá não se preocupava em usar palavras corteses. Do mesmo jeito que podia odiar alguém apenas por sua primeira impressão, podia amar também.

- O seu também é bem bonito - ela respondeu, direcionando a sua atenção para a moldura clássica do espelho a sua frente. Foi totalmente pega de surpresa com a pergunta, e por instinto deixou uma gargalhada única escapar. Teçá ria quando estava nervosa - Desculpe, isso foi repentino. E sim, eu me apaixonei uma vez. Alguns anos atrás. Foi... - mais uma vez as sobrancelhas se uniram - Foi apenas por um dia em uma festa. Apenas uma troca de olhares. Eu não sei como, mas fiquei completamente apaixonada por ele. Até hoje não sei o seu nome. E você?

Teçá teve pouquíssimo tempo para pensar em qualquer explicação boa o suficiente. Assim que foram interrompidas pelas vozes, ela se colocou de pé. Os olhos sempre ligeiros captaram a forma estranha e raivosa que a sogra a olhava, e foi automático engolir a seco.

- Eu... Isso é realmente, hum, sinto muito. Não é o que parece - ela mesma tirou as pérolas do pescoço, tão rápido que seria impossível qualquer colocar a mão, e se viro apenas o suficiente para guardar a joia, e então voltar a esconder as duas tacinhas que estavam ali.

Ela podia explicar Rose mostrando a casa. Mas não podia explicar as duas estarem BEBENDO.

- Rose só estava me mostrando a casa, e parou especificamente para comentar sobre o seu bom gosto com joias, e eu acabei me deslumbrando um pouco. Sinto muito se a incomodei - enquanto falava, Teçá pegava as duas taças e segurava atrás do corpo, esperando o momento certo para entrega-las à Rose.

Téça Lengyel mantinha os olhos bem abertos, fingindo uma inocência tão genuína que seria impossível imaginar qualquer malícia ou má intenção de sua parte, muito menos denunciar que atrás das duas costas, haviam duas taças muito pequenas como provas do crime. Perfeito.

Ou quase.

Foi irritante ver Rose sendo tratada como uma criança irresponsável. Teçá não a conhecia, mas algo na inteligência e perspicácia da cunhada lhe dizia o contrário dos julgamentos que a mãe fazia. Ela quis responder. Quis muito responder, a língua até coçou.

Mas por fora, ela sorriu. Aquele gesto sem dentes, pleno e gentil.

- Sim, eu guardei os seus conselhos, senhora, principalmente por já lhe ter grande estima - Teça assentiu com a cabeça, e finalmente desviou os olhos para Rose.

Aquela expulsão foi muito bem vinda.

Teçá não demorou nem dois segundos para começar a se mover, colocando as taças em frente ao corpo de maneira que não fosse pega, e sair daquele quarto.